Artigo: Lágrimas guardadas

“Ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância. Usar as perdas para refinar a paciência. Usar as falhas para esculpir a serenidade. Usar a dor para lapidar o prazer. Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.” – Augusto Cury

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O coração das boas pessoas é cheio de lágrimas guardadas

No coração das boas pessoas não cabe o sentimento de tristeza. Elas lutam pelos outros, nunca dizem não e são o melhor apoio em qualquer momento de necessidade. No entanto, quando choram o fazem escondidas porque não podem mais continuar, porque estão cansadas demais de serem fortes e suas almas necessitam dessas lágrimas para melhorar.

Esse tipo de situação de alta carga emocional é muito comum nas pessoas acostumadas a dar tudo de si por quem está ao seu redor. Chamamos essas pessoas de “boas pessoas” e, ainda que todos nós consigamos separar muito bem o que é bom e o que é ruim, existem determinadas personalidades muito mais aptas a gerar bem-estar aos outros. Assim, essas pessoas são mais sujeitas a ficarem sobrecarregadas, a se decepcionarem e a sofrerem emocionalmente.

Choramos lágrimas escondidas que ninguém vê, liberamos tensões, medos e tristezas em cantos escuros para não sermos descobertos, para que ninguém perceba que fomos feitos do mesmo material de todas as outras pessoas.

Goethe, o poeta, dramaturgo e novelista, grande especialista portanto em emoções humanas, costumava dizer que quem nunca terminou uma refeição e depois se fechou e algum lugar para chorar nunca provou o autêntico sabor da vida. As pessoas choram por muitas e diversas razões, mas há quem simplesmente o faça porque está cansado de aparentar que pode com tudo. Que é invencível.

Vamos nos aprofundar nesse aspecto.

Por que as boas pessoas choram escondidas

Falamos no início que é comum categorizar as pessoas como boas pessoas se essas têm a personalidade mais orientada para os outros do que para si mesmas. São comportamentos que encontram a felicidade fazendo o bem, dando tudo em troca de nada. É portanto um altruísmo cheio de dignidade que é muito admirável de tão humilde. Mas, por sua vez, é também muito duro para a pessoa.

Um costume muito frequente nesse tipo de perfil é que a pessoa prefere sofrer emocionalmente em solidão, ao invés de compartilhar seus sentimentos com outras pessoas. Isso se dá dessa maneira – ao menos na maioria das vezes – por vários aspectos psicológicos que foram definidos pela Universidade de Ciências da Saúde no Japão. A raiz desses comportamentos foi retratada em um interessante estudo publicado na revista médica “Library of Medicine National Institutes of Health“.

Nessa pesquisa foi analisado o trabalho de 300 enfermeiras ao longo de um ano. Segundo as próprias enfermeiras explicaram, em alguns casos elas são obrigadas a enfrentar situações muito duras, de alta carga emocional. Quando precisam desabafar, as enfermeiras preferiam fazer isso em solidão porque sentiam que era muito mais catártico, alcançavam um bem-estar mais reparador desse modo. Bastavam alguns minutos de choro em rigorosa solidão para depois voltarem para suas responsabilidades.

A psicologia das lágrimas

Choramos para nos libertar, para transformar a tensão em água salgada. Choramos para que o medo encontre o alívio e para que a tristeza se transforme em um choro capaz de consolar. A forma como fazemos isso, seja junto a alguém ou sozinhos como no caso das enfermeiras, não tem qualquer importância. O essencial é que consigamos alcançar uma cura adequada de acordo com as nossas necessidades particulares.

As lágrimas jamais serão reflexo de fraqueza, mas sim da capacidade de ser forte.

Um aspecto em que há unanimidade é que no geral são as mulheres as pessoas que costumam exercer mais o papel de cuidadoras. São elas que, com grandeza em seus corações, dão tudo a troco de nada pelos seres que amam, sejam seus filhos, seus parceiros ou suas famílias… Por isso estudos como o realizado pela Organização Holandesa para a Investigação Científica falem das lágrimas da mulher como um tipo de linguagem interior com grande utilidade emocional.

As lágrimas: biologia, psicologia e catarse

Podemos observar e entender as lágrimas desde perspectivas diferentes:

  • Segundo a biologia, existiria na verdade uma razão pela qual as mulheres têm mais facilidade na hora de chorar. A resposta está na testosterona, que no caso do homem atuaria como inibidora do choro, ao mesmo tempo em que o hormônio prolactina, muito mais elevado nas mulheres, facilita a liberação das lágrimas.
  • Para muitos psicólogos as lágrimas nos ajudam a ter uma melhor compreensão de nosso mundo interior e de nossas necessidades. Esta expressão emocional atua primeiro como um tranquilizante, para depois nos permitir ver com uma clareza mental mais adequada as nossas necessidades que não estão sendo atendidas, que requerem sem dúvida uma mudança em nosso modo de ser.
  • O poder catártico das lágrimas pode alcançar um maior benefício se recorrermos ao bom choro. Segundo os especialistas, as lágrimas emocionais liberadas durante esse processo contêm muito mais proteínas e, desse modo, têm um poder curativo no organismo da pessoa.

Para concluir, as boas pessoas costumam chorar escondidas porque desse modo conseguem um maior consolo e intimidade para poderem ser elas mesmas sem uma armadura, sem uma couraça que esconde o que está por dentro. As armaduras sempre pesam e, ainda que um bom choro tranquilize e desfaça amarguras e decepções, nunca é demais priorizar a si mesmo de vez em quando e colocar limites para atender um pouco melhor o coração que, longe de ser de pedra, é de carne, sonhos e lágrimas salgadas.

Por: Valéria Amado via http://amenteemaravilhosa.com.br/


Cláudio Cordeiro 🐉

Artigo: Amor Próprio – Deixar Ir

“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir e chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto da vida, que o mais importante é o decidir” – Cora Coralina

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Não esqueça que ter amor próprio envolve ir embora

“As coisas não mudam, se nós não mudamos.” – Henry David Thoreau

Em alguns momentos nos esforçamos para permanecer, ainda que isso não seja o melhor a fazer. Há ocasiões em que ficar é ir longe demais. Por isso dizemos que fechar algumas portas é necessário quando se tem amor próprio. Ir embora de alguns lugares é cuidar de si. Afastar-se de algumas pessoas também é se proteger.

Não são frases feitas, mas sim a realidade que em algum momento da vida todo mundo vai enfrentar, e algumas vezes a realidade pode ser bastante dolorosa. Assim, ir embora e fechar as portas de nossa vida a alguém que não nos acrescenta nada de bom é positivo e saudável para nós. Com amor próprio conseguimos ver isso.

E um dia, sem que você esperasse, me fui. Sem despedida, sem aviso prévio. Porque às vezes ficar é ir longe demais. – A luz de Candela


Ir embora e encerrar círculos viciosos

Diz-se que temos que evitar cair em três acidentes geométricos: círculos viciosos, triângulos amorosos e mentes quadradas. Esta máxima pode ser muito útil na hora de cuidar da nossa saúde emocional.

Quando decidimos caminhar, pode ser que tenhamos que ir contra nossos desejos. Daríamos qualquer coisa para ter motivos para manter as portas abertas mas, algumas vezes, não há outro remédio que não seja colocar um ponto final onde até então vínhamos deixando apenas vírgulas.

A questão é frear uma dor que pode ser evitada. Falamos de um relacionamento amoroso, de uma amizade ou de qualquer outro tipo de relação. Às vezes é preciso colocar fim na desilusão e no desencanto porque não há mais o que fazer.

Como em outras ocasiões, faremos uso aqui de um texto magnífico; e nesse caso é uma passagem de um romance do escritor Paulo Coelho que nos ajuda a valorizar a importância de ter amor próprio, saber encerrar etapas e deixar ir.

Sempre é preciso saber quando uma etapa de nossa vida acabou. Se insiste em permanecer nela mais tempo do que é necessário, perde a alegria e o sentido de todo o resto. Temos sempre que fechar círculos, ou fechar portas, ou terminar capítulos, como quiser chamar.

O importante é pode fechá-los, e deixar ir momentos da vida que acabam nos prendendo.

Não podemos estar no presente ansiando pelo passado. Nem mesmo nos perguntando o porquê. O que aconteceu já aconteceu e devemos deixar ir, devemos nos desprender. Não podemos ser crianças eternas, nem adolescentes tardios, nem empregados de empresas inexistentes, nem ter vínculos com quem não quer estar vinculado a nós.

Tudo passa e temos que deixar ir!


Mudar de pele, dizer adeus com a mão no peito

De tempos em tempos as serpentes mudam de pele. Para desfazer-se da pele velha, uma serpente escolhe transitar por duas pedras tão próximas que apertem seu corpo, raspando e ajudando a eliminar essa capa que já não quer mais. Mesmo sendo natural, essa transição não é agradável, e de fato provoca até dor, mas essa ação ajuda a cobra a se desprender do que já está desgastado, dando lugar ao novo.

Podemos extrapolar isso para a realidade em que nos encontramos quando chega a hora de dizer adeus. Esse processo final supõe um novo começo e, ainda que nos dê muita angústia, nos oferece um espaço para renascer.

Essa tomada de consciência e esse passo nos ajuda a crescer e amadurecer, a conhecer mais sobre como construir relações saudáveis e significativas com as pessoas e com nosso círculo social. É inevitável o sofrimento quando chega a hora de fechar algumas portas, mas fazer isso é sinônimo de ter amor próprio.

Ao fim, é uma questão de visualizar nossa vida de maneira diferente, de sermos valentes e de mudar o que conhecemos. Porque no final o que conta é só isso, saber crescer, nos permitir um pouco de instabilidade e nos adequar às necessidades que surgem.

Uma vez que tenha feito isso, não pense mais no que foi perdido, e sim em tudo que pode ganhar.

Por: Raquel Brito via http://amenteemaravilhosa.com.br/


Cláudio Cordeiro 🐉

E você está pronto para encerrar seus círculos viciosos e construir relacionamentos saudáveis?